Vai caber tudo isso na Raposo Tavares? Megaprojeto com 22 mil moradias prevê bairro para 80 mil pessoas em SP
A Zona Oeste de São Paulo concentra um dos maiores projetos imobiliários de habitação popular em andamento no país. No km 18,5 da Rodovia Raposo Tavares, o Reserva Raposo, da RZK Empreendimentos, é apresentado como o maior empreendimento habitacional de uso misto voltado à moradia popular da América Latina. A previsão é de 124 edifícios, 22 mil unidades e capacidade para até 80 mil moradores até 2030.
Hoje, 10 mil pessoas já vivem no local. Ao todo, 4.490 unidades foram entregues e 7.332 estão em construção. O Valor Geral de Vendas (VGV) estimado passa de R$ 5 bilhões.
O terreno, de 450 mil m², era ocupado por uma gráfica que foi transferida pela própria RZK. A proposta é consolidar moradia, comércio e serviços no mesmo território. Governo defende modelo, mas urbanistas pedem cautela
O Governo de São Paulo afirma ter entregado 3 mil unidades no complexo via CDHU, com R$ 540 milhões investidos, além de 1.046 unidades em construção, que somam mais R$ 188 milhões.
Segundo nota do governo, o objetivo é criar uma nova centralidade urbana, e não apenas um bairro-dormitório. Mas Valter Caldana, professor da FAU Mackenzie, alerta para o ritmo da expansão: “A sincronização entre ocupação e infraestrutura é decisiva. Qualquer atraso pode gerar um colapso sistêmico na região.”, disse ao O Estado de S. Paulo.
O urbanista destaca a importância de coordenação entre:
fornecimento de água
capacidade da rede de energia
tratamento de esgoto
transporte público
Mobilidade é o ponto mais sensível
A Raposo Tavares já registra:
congestionamentos recorrentes
oferta limitada de ônibus
poucas alternativas viárias
Com a chegada de mais moradores, a pressão tende a aumentar. A RZK construiu um terminal de ônibus, mas as linhas ainda não foram definidas. Além disso, a rodovia poderá ter pedágios urbanos, conforme anunciado pelo governo estadual. A Prefeitura diz que a operação das linhas será definida após a abertura do terminal.
Histórico de judicialização e pressão financeira
O empreendimento enfrentou:
paralisações por licenciamento ambiental, revertidas após decisões judiciais
dificuldades de financiamento em meio ao ciclo de juros altos
queda de mais de 60% no valor das cotas do fundo imobiliário NVRP11, que ajudou a financiar o projeto
Em 2024, vídeos de vazamentos em blocos entregues circularam nas redes. A construtora afirma que os casos foram pontuais e resolvidos.
