Financiamento imobiliário deve recuar 4% em 2025

logo
11/08/2025Referências
Financiamento imobiliário deve recuar 4% em 2025

O volume de financiamento imobiliário deve recuar em 2025, ainda que em um ritmo menor que o esperado no início do ano. A expectativa é que as concessões de crédito para o setor caiam 4%, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Em janeiro, o projetado era uma queda de 10%.


A estimativa leva em conta tanto operações com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) quanto concessões de crédito com “funding” do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Segundo Sandro Gamba, presidente da entidade, as duas fontes tiveram “comportamentos diferentes” do esperado. “No início do ano, a gente entendia que o SBPE teria um volume médio de R$ 155 bilhões, com queda de 17% ante 2024, e que o FGTS estaria estável”, disse.


Agora, o esperado é uma queda de 20% nas concessões com poupança, para R$ 150 bilhões, e crescimento de 20%, para R$ 152 bilhões, das concessões com FGTS, sendo R$ 137 bilhões diretamente do fundo e R$ 15 bilhões do pré-sal.


No primeiro semestre, o total de financiamento imobiliário caiu 3% no total, para R$ 140,4 bilhões. Levando em conta apenas o volume de financiamentos com recursos das cadernetas do SBPE, as concessões somaram R$ 73,6 bilhões, 10,4% menos que o registrado no mesmo período do ano passado.


O recuo já era esperado pelo mercado, considerando o patamar atual de juros, ainda que nos primeiros meses de 2025 os números não tenham refletido a alta da Selic. Segundo Gamba, “como a realização do crédito imobiliário tem um prazo entre a tomada de decisão e a tomada de crédito, o que se via era o reflexo do que estava sendo tomado no ano passado”. O impacto do aumento de taxas veio a partir de maio, relatou.


Em relação ao FGTS, as concessões avançaram 6% no semestre, para R$ 66,8 bilhões, influenciadas pelo programa Minha Casa Minha Vida, “que continua crescendo”, disse o presidente da entidade.


A poupança continua sendo a maior fonte de funding imobiliário, mas tem perdido importância ano a ano, forçando mudanças nos formatos de financiamento e a adaptação do mercado. Neste ano, por exemplo, os bancos começaram a acelerar o direcionamento dos recursos do SBPE, que são mais baratos, para o financiamento de longo prazo, da pessoa física. Já as operações de ciclo curto, para as empresas, são cada vez mais atendidas por outras fontes, como o mercado de capitais.


O Banco Central (BC) tem estudado alternativas para os modelos de financiamento, o que é visto com bons olhos por Gamba. “A gente entende de forma muito positiva o que está sendo discutido pelo BC [...] A forma como o BC vem conduzindo esse processo, com a participação de todos os stakeholders, e o que está sendo debatido é bastante interessante.”


Segundo ele, os modelos estudados não representam uma ruptura, mas são “avanços” que avaliam o comportamento da poupança e das letras de crédito imobiliário (LCI). “Não tem nada concluído, mas os debates estão sendo produtivos”, disse a jornalistas na apresentação dos dados semestrais.


Uma demanda da Abecip é o retorno do prazo de vencimento das LCI para três meses. O vencimento, que passou a 12 meses no ano passado, foi reduzido aos poucos e hoje está em seis meses. Segundo a entidade, a LCI é um instrumento importante na transição da poupança e mudanças — como no prazo ou com o fim da isenção tributária — têm efeito direto no custo de financiamento. “Não podemos avaliar a LCI apenas como veículo de investimento e sim como estrutura para suportar o mercado imobiliário.”

Quer ficar por dentro de todas as novidades do setor?Acesse nossos artigos e inscreva-se na nossa Newsletter
Newsletter

Inscreva-se na nossa Newsletter!

2025 OBRASS. Todos os direitos reservados.